Classificada como espécie ameaçada de extinção pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), a Aratinga Jandaya, ou Jandaia Verdadeira, ave símbolo da fauna cearense, foi encontrada, no último mês de agosto, repovoando um terreno na cidade de Fortaleza e surpreendendo biólogos e pesquisadores. Antes disso, a ave, que já teve o Ceará como refúgio, passou por severo processo de defaunação, e as suas últimas populações conhecidas eram consideradas pequenas e vulneráveis.

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Pensando em construir um inventário sobre a espécie, a ONG Aquasis realizou, no dia 28 de setembro, o primeiro censo de população da Jandaia no Ceará. A ação contou com apoio do Parque Arvorar, novo parque temático do Beach Park que promove a conservação e a educação ambiental, a ser inaugurado em breve para o público, em Aquiraz.

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Cerca de 20 voluntários se mobilizaram em determinados pontos de observação na capital. Nestes pontos, os voluntários realizaram a contagem simultânea das jandaias nos seus dormitórios. A contagem ocorreu em horários estratégicos, antes do sol nascer, das 5h às 6h, e no final do dia, das 16h30 às 17h50. O somatório das aves que voam desses locais pela manhã ou que chegam aos dormitórios no final da tarde revelam o número total de cada ponto de observação.

A ideia é que, por meio do censo, seja possível estimar as populações locais da ave, bem como identificar seus habitats e suas condições para a sobrevivência e reprodução da espécie, além de avaliar o impacto dos ninhos artificiais a serem instalados nas áreas como ferramenta aliada à conservação. Fábio Nunes, biólogo e gerente de programa da Aquasis, explica que os ninhos artificiais são feitos de troncos de carnaúba e instalados para que seja observada a aceitação da ave.

“É um recurso fundamental para abrigo e reprodução dessas aves. Caso os ninhos sejam ocupados, poderemos colocar mais, com a intenção de aumentar essa população”, completa o biólogo. O censo também poderá contribuir para a execução de políticas públicas específicas para salvar a ave da extinção.

Fábio afirma que ainda existem pouquíssimas populações de jandaias-verdadeiras conhecidas no Ceará e todas carecem de estudos populacionais. Os dados do censo serão compartilhados com os órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para auxiliar no monitoramento de tendências populacionais e fiscalizações.

“As informações servirão também para reforçar a criação de uma área protegida para as jandaias, e também deverão ajudar no manejo populacional dessa espécie, pois uma eventual limitação de ninhos em locais seguros poderá ser contornado com ninhos artificiais, por exemplo, para que a população continue aumentando, bem como a translocação de indivíduos para reintroduções no Ceará”, acrescenta.