Foto: Secult/Roberta-Kaya/Caroline-Souza

O projeto surgiu em 2017, numa parceria entre a Escola Porto Iracema das Artes e o grupo Nóis de Teatro. Na nova edição, o seminário conta também com apoio do Centro Cultural Grande Bom Jardim e da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT), através da Lei Aldir Blanc

Acontece nos dias 17 e 18 de setembro, sexta-feira e sábado desta semana, o 3º Seminário Periferias Insurgentes. Uma parceria entre a Escola Porto Iracema das Artes e o grupo Nóis de Teatro, o projeto surgiu em 2017 e, este ano, tem o conta também com o Centro Cultural Grande Bom Jardim (CCBJ). Ambas as instituições, Porto Iracema e CCBJ, são da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT-CE), que apóia o evento via Lei Aldir Blanc. Na nova edição, o seminário chega com o tema ”Terra-Língua-Cidade-Negrura” e tem o intuito de  fortalecer os espaços de pesquisa sobre a cena cultural das periferias urbanas e sua indispensável relação com o mundo contemporâneo. Toda a programação é virtual, com transmissão pelo YouTube do Grupo Nóis de Teatro, da Escola e do CCBJ.

Conforme o Grupo Nóis de Teatro, que faz a organização do evento, o seminário surgiu a partir do desejo de encontrar “múltiplas vozes que compõem as resistências das periferias de Fortaleza, de ocupar todos os lugares da cidade e discutir as consonâncias e dissensos que entrelaçam essa malha de vozes, esse mosaico ‘sub-urbano’”. A partir do processo de ”destruição” do mundo que nos foi dado a conhecer e da expansão das possibilidades de criação poética, o Seminário busca pensar sobre as práticas artísticas e os desafios do mundo contemporâneo por meio dos relatos de experiência dos convidados.

“É um espaço para pensar as artes a partir das periferias urbanas e suas corporeidades’’, resume Altemar Di Monteiro, encenador, dramaturgo e fundador do Nóis. A nova edição tem um formato completamente virtual, ainda por causa da pandemia de Covid-19. Desse modo, o diálogo com outros estados foi possível e o seminário ganhou um caráter expandido. Artistas do Rio Grande do Norte, de Minas Gerais e de São Paulo marcarão presença. “Nos interessa expandir a ideia de periferia. Periferia não somente como território urbano, mas também como território do corpo’’, comenta Altemar.

Ainda conforme o coordenador do grupo, o título ”Terra-Língua-Cidade-Negrura” propõe pensar uma interseccionalidade dos corpos, das cidades, dos territórios, das corporeidades pretas e indígenas do Ceará e Brasil. “Tecer um mundo onde essas relações não estejam separadas’’, arremata. Criar uma conexão profunda para pensar terra, língua, cidade e negrura, mas também pensar estratégias poéticas para lidar com o mundo neste novo contexto é um dos pilares do evento.

Mesas, apresentações e experimentos cênicos

A abertura do III Seminário Periferias Insurgentes: Terra-Língua-Cidade-Negrura acontece às 15h da próxima sexta-feira, dia 17 de setembro. Além de gestores do Nóis e de instituições culturais públicas do Ceará, estará presente o secretário de Cultura do Estado, Fabiano Piúba. Em seguida, às 16h, acontece a primeira mesa de debate, intitulada ENCRUZAS DA TERRA: Espaços de semeadura, com Juão Nyn (RN) e Benício Pitaguary (CE). A mediação será de Pedra Silva (CE).

O ator, produtor e integrante do Nóis, Henrique Gonzaga, explica que, desde o início, o Seminário foi pensado para ser um espaço de diálogo. Ele, que vai mediar a segunda mesa da sexta, ENCRUZAS DA LÍNGUA: Corporeidades do fim do mundo, às 18h, reforça a importância do encontro. “A mesa traz a proposta de tensionamento e discussão sobre corpo-raça-gênero-palavra. O que essas corporalidades dissidentes tem produzido para além do material poético, mas também possibilidades de resistência e reinvenção do mundo? Principalmente o Brasil como está”, aponta o artista. Participam as convidadas Nivea Sabino (MG) e Romária Holanda (CE).

primeira noite encerra às 21h, com a exibição do experimento cênico online “Despejadas” pelo Youtube da Porto Iracema das Artes. O trabalho teve o projeto desenvolvido no Laboratório de Teatro da Escola em 2017 e traz, em cena, três atrizes do Nóis de Teatro em uma narrativa inspirada no livro “Quarto de despejo”, da autora Carolina Maria de Jesus.

A programação do seminário segue no sábado, dia 18, com outras duas mesas. Às 16h, ocorre ENCRUZAS DA RUA: A CIDADE EM DECOMPOSIÇÃO, com Ferrez (SP) e Talles Azigon (CE). A mediação será de Rômulo Silva (CE). Já às 19h, a última mesa, ENCRUZAS DA NEGRURA: Tempos da destruição, recebe Ellen Rio Branco (SP) e Roberta Kaya (CE), mediada por Kelly Enne Saldanha (CE).

programação encerra às 21h, com a exibição do espetáculo Ainda Vivas Online + Nóis de Teatro, Sarau da B1, Okupação, Pretarau e Bate Palmas, pelo Canal do Youtube CCBJ.

A programação completa você confere no site da Secretaria de Cultura do Ceará: secult.ce.gov.br.