Com pouco menos de sete minutos de duração, o curta “Memórias de Juazeiro: A Casa da Arandela” conta parte da história do imóvel e de como a família Sobreira Alves construiu morada no coração de Juazeiro do Norte. A iniciativa do curta-metragem documental é do projeto “Memórias de Juazeiro”, representado pela arquiteta e professora Hévila Ribeiro e pelo cineasta Zizome Gouveia. A narração é do professor e pesquisador Nícolas Tavares, bisneto de Tarcila Sobreira Alvez (vovó Tarcila) e Celso Sobreira Alves (vovô Celso), primeiros moradores do local, chamado carinhosamente por “casa do castelinho”.

A história da família de Nícolas com a casa começa antes da sua aquisição. Após se mudarem de Milagres para Juazeiro do Norte, os bisavós de Nícolas se mudaram para o imóvel no início da década de 60. O afeiçoamento foi crescente – com o tempo, vovó Tarcila se sentiu cada vez mais realizada no grande quintal de terra, onde amava cultivar plantas e árvores. Em 1964, vovô Celso comprou “carnets da sorte”, bastante conhecidos naquele tempo, de presente para suas filhas.

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Um deles, adquirido de presente para Inausuí Sobreira Alves (Nau), foi premiado com o prêmio máximo: um carro Simca Chambord – na ocasião, inúmeras pessoas prestigiaram o recebimento do prêmio. Algumas, inclusive, rimavam “Inausuí, a milionária do Cariri”. Com a venda do carro, considerado artigo de luxo, somado às economias do casal, a aquisição do imóvel foi possível.

“A Casa da Arandela, desde Nau, minha bisavó até Titia, sempre foi um lugar de forças femininas”, destaca Nícolas, ao citar que o casal teve seis filhas. Ao longo do tempo, integrantes da família mantiveram o prédio e suas histórias de pé – a exemplo de Ildenise Sobreira, chamada de Titia (tia avó de Nícolas); e o tio Thiago Sobreira Cruz, que contribuiu com acervo audiovisual e fotográfico para o documentário e está escrevendo a obra “A Casa da Arandela: um inventário arquitetônico, histórico e afetivo de um prédio antigo da cidade de Juazeiro do Norte”.

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Até o momento, a casa ainda não é tombada. Porém, diante do desejo de manter e preservar o prédio e suas histórias, o debate começou a se tornar mais constante. A história, inclusive, promete não acabar por aqui. Thiago está escrevendo um livro, intitulado “A Casa da Arandela: um inventário arquitetônico, histórico e afetivo de um prédio antigo da cidade de Juazeiro do Norte”.

Para Nícolas, assim como é possivelmente para toda família, tudo é um presente que despertou memórias afetivas e reaproximou o passado e o presente. “Naquele dia, além de abraçar titia, nesse enlaço eu abarquei tudo aquilo que veio antes de mim e que se projeta no presente através da minha existência. Eu queria que todo esse amor que eu senti com essa história toda se tornasse abraços repetidos e histórias voando como pássaros soltos e não estacionamentos”, finaliza.

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Matéria originalmente publicada no Jornal do Cariri