O boletim de inflação do Pacto Contra a Fome mostra que, em julho de 2025, os preços de Alimentos e Bebidas caíram -0,27% no IPCA, registrando a segunda queda consecutiva. O resultado, porém, foi neutralizado pela alta de custos essenciais e de difícil compressão no orçamento, como a energia elétrica, que subiu +2,97% e voltou a exercer o maior peso individual sobre o índice, que fechou o mês com avanço de 0,26%. Setores como Habitação (+0,91%), Despesas Pessoais (+0,76%) e Transportes (+0,35%) também contribuíram para a pressão inflacionária.

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A análise aponta que o impacto da inflação é desigual entre as faixas de renda. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), voltado a famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, registrou queda mais acentuada nos alimentos (-0,38%), o que significa alívio proporcionalmente maior para os mais pobres, a elevação de despesas obrigatórias impede um ganho líquido no orçamento doméstico. O cenário reforça que a melhora no custo da alimentação ainda não é suficiente para compensar os aumentos de outros itens básicos.

Outro ponto de destaque é o chamado “paradoxo dos alimentos saudáveis”. Embora produtos in natura e minimamente processados tenham registrado queda de -1,37% em julho, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 7,96%, acima do índice dos ultraprocessados, que ficou em 6,72%. Segundo Ricardo Mota, Gerente de Inteligência Estratégica do Pacto Contra a Fome, essa diferença representa uma barreira para o acesso da população a dietas mais nutritivas, agravando os riscos de insegurança alimentar. “Embora a queda nos preços dos alimentos seja uma notícia positiva, nosso boletim mostra que a realidade econômica é complexa”, destacou.

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Mesmo com avanços recentes, como a saída do Brasil do Mapa da Fome após atingir prevalência de subalimentação abaixo de 2,5%, o relatório alerta para riscos de retrocesso. As novas tarifas de exportação impostas pelos Estados Unidos, de até 50% sobre produtos brasileiros, podem afetar setores estratégicos, aumentar o desemprego e impactar a renda das famílias. “O alívio nos preços de alimentos é importante, mas a pressão de custos essenciais e os desafios estruturais do país ainda limitam a sustentabilidade dos avanços”, concluiu Ricardo Mota.