Queda nos preços de alimentos não alivia orçamento das famílias
Inflação de julho traz alívio nos alimentos, mas alta de energia pressiona orçamento das famílias

Alimentos em um carrinhos de supermercardo. Foto: Joédson Alves / Agência Brasil.
22/08/25 18:20
O boletim de inflação do Pacto Contra a Fome mostra que, em julho de 2025, os preços de Alimentos e Bebidas caíram -0,27% no IPCA, registrando a segunda queda consecutiva. O resultado, porém, foi neutralizado pela alta de custos essenciais e de difícil compressão no orçamento, como a energia elétrica, que subiu +2,97% e voltou a exercer o maior peso individual sobre o índice, que fechou o mês com avanço de 0,26%. Setores como Habitação (+0,91%), Despesas Pessoais (+0,76%) e Transportes (+0,35%) também contribuíram para a pressão inflacionária.
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A análise aponta que o impacto da inflação é desigual entre as faixas de renda. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), voltado a famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, registrou queda mais acentuada nos alimentos (-0,38%), o que significa alívio proporcionalmente maior para os mais pobres, a elevação de despesas obrigatórias impede um ganho líquido no orçamento doméstico. O cenário reforça que a melhora no custo da alimentação ainda não é suficiente para compensar os aumentos de outros itens básicos.
Outro ponto de destaque é o chamado “paradoxo dos alimentos saudáveis”. Embora produtos in natura e minimamente processados tenham registrado queda de -1,37% em julho, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 7,96%, acima do índice dos ultraprocessados, que ficou em 6,72%. Segundo Ricardo Mota, Gerente de Inteligência Estratégica do Pacto Contra a Fome, essa diferença representa uma barreira para o acesso da população a dietas mais nutritivas, agravando os riscos de insegurança alimentar. “Embora a queda nos preços dos alimentos seja uma notícia positiva, nosso boletim mostra que a realidade econômica é complexa”, destacou.
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Mesmo com avanços recentes, como a saída do Brasil do Mapa da Fome após atingir prevalência de subalimentação abaixo de 2,5%, o relatório alerta para riscos de retrocesso. As novas tarifas de exportação impostas pelos Estados Unidos, de até 50% sobre produtos brasileiros, podem afetar setores estratégicos, aumentar o desemprego e impactar a renda das famílias. “O alívio nos preços de alimentos é importante, mas a pressão de custos essenciais e os desafios estruturais do país ainda limitam a sustentabilidade dos avanços”, concluiu Ricardo Mota.
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